segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

ICO - Análise

Esta é a análise de Ico, lançado pela Sony Computer Entertaiment em 2001 para o Playstation 2.

File:Ico cover - EU+JP.jpg

Introdução

A produção de Ico começou ainda em 1997, quando Fumito Ueda pensou em criar uma história no qual dois personagens criassem um laço intenso de proximidade, mas sem terem tido muita comunicação entre si. A inspiração veio do clássico Another World, game lançado em 1991 para Super Nintendo. Ele produziu, com um parceiro, um vídeo de três minutos em Lightwave, e o usava como um direcionamento do que queria. A partir de 1998, começou a trabalhar no conceito com o produtor Kenji Kaido, pensando em criar um game para Playstation. O projeto era simples e minimalista, e carecia de poucas pessoas. Eles contrataram apenas 2 programadores, 4 artistas e um designer para formar a equipe, e a batizaram de Team Ico. Graças às limitações do Playstation, eles acabaram levando o projeto para o Playstation 2, e, finalmente, em 2001, a obra do imaginário de Fumito Ueda finalmente poderia ser revelada ao público. O game então alcanço um status de jogo cult e referência em seu gênero, ainda mais pelo seu toque artístico e simbólico. Vamos conhecer um pouco mais sobre Ico?

ICO


Informações técnicas

Publicado por: Sony Computer Entertainment Japan
Desenvolvido por: Team Ico
Gênero: Platformer
Diretor: Fumito Ueda
Plataforma: Playstation 2
Data de lançamento: 24 de setembro de 2001
Faixa etária: Teen

Trilha-sonora da análise

Enquanto lê a nossa análise, que tal escutar o áudio que separamos mais abaixo?


Música You Were There, músicas tema do jogo, composta por Michiru Oshima.

Sobre a história (contém spoilers)

A história de Ico é toda envolta de mistério. Como Fumito Ueda é adepto do minimalismo, isso faz com que ele passe o mínimo de informações possível sobre a trama, justamente para que o jogador se sinta imerso na trama e preste maior atenção aos detalhes. Devido a isso, muito pouco se sabe, e a grande maioria é especulação. É uma trama simples, sem muitos personagens e bem curta, mas emocionalmente carregada para prender o jogador. Vamos à história:

A história se passa em uma época desconhecida e em um local igualmente desconhecido. Não se sabe nada sobre o local, apenas que é um cenário incrível e ensolarado. As criaturas que vivem nesse local são semelhantes aos humanos, porém maiores e possuem chifres na cabeça. Os chifres são decorrência de uma antiga maldição que lhes foi imposta. Eles falam uma língua estranha e incompreensível.

O jogo começa com alguns homens transportando um garoto. O garoto se chama Ico:

Ico gs18

Ico é o protagonista do game. Descendente da tribo amaldiçoada pelos chifres, é um jovem bravo e valente. Sabe manejar uma espada e uma clava como armas.

Os demais membros da tribo de Ico resolveram aplicar nele uma medida severa para tentar retirar a maldição. Eles o levaram até um castelo abandonado e sagrado que fica no topo de uma montanha isolada de todo o mundo. Lá, eles colocaram Ico dentro de um caixão suspenso e o deixaram para que morresse de fome. Eles esperavam que, com o sacrifício de Ico, a maldição parasse.

Ico aguardava pacientemente pela sua morte. Até que ocorre um terremoto que abala boa parte da estrutura do castelo. O caixão no qual Ico estava trancado se rompe e abre. Ico cai e perde a consciência. Em devaneios ocasionados pela batida, ele tem a visão de uma pobre garota aprisionada em uma gaiola. Ao despertar, explorando o castelo, ele realmente encontra uma gaiola com uma garota aprisionada. Ele consegue libertar a garota, que se chama Yorda:

Ico gs25

Yorda é uma garota misteriosa. Ela é etérea, ou seja, feita de luz. Ela possui uma linguagem diferente da de Ico, e eles não são capazes de se comunicar. Por isso, eles não conseguem se fazer entender, apenas por gestos comuns e por instinto.

Ico e Yorda não conseguem se comunicar, por possuírem idiomas completamente diferentes. Porém, instantes após ser libertada, Yorda é repentinamente atacada por criaturas feitas de sombras. Eles tentam levar Yorda até um portal negro. Mas Ico percebe que Yorda não quer ir, então pega uma tocha ao lado e consegue derrotar a criatura das sombras. Ico percebe o quanto Yorda está indefesa e que ele é o único que pode ajudá-la a escapar da garra dessas criaturas. Então, ele decide tentar fugir do castelo junto com ela e protegê-la, mesmo sem poder se comunicar com ela.

Ico carrega Yorda pela mão para diversos pontos do castelo, até encontrar o portão de luz que ele usou para poder entrar no castelo. Porém, o portão está trancado. Então, eles recebem a ilustre visita da Rainha:

Queen01

Não se sabe quase nada a respeito dela, nem mesmo seu nome, de modo que ela é referenciada apenas como Rainha. Ela é a Rainha das Sombras, a dona do castelo e a governanta do reino das sombras. Ela também é mãe da pequena Yorda.

A Rainha é mãe de Yorda. Ela já está velha e sente que seu poder está se esvaindo. Ela pretende realizar um ritual no qual ela consegue transferir seu corpo para o corpo de sua filha, Yorda, que é jovem e poderoso. Porém, ela primeiro precisa purificar o corpo da garota com a escuridão. Sendo assim, ela aprisionou Yorda em uma gaiola. E ela não está disposta a deixar que Ico a deixe escapar, então ela ordenou que os seres das sombras recapturem a sua filha.

Ao ver que Ico está pretendendo fugir, ela alerta que Ico não conseguirá sobreviver fora do castelo. E então, ela desaparece, deixando Ico com um portão trancado. Porém, Ico consegue abrir os portões do castelo e consegue escapar de uma vez por todas do local.

No entanto, conforme começa a se afastar do castelo, Yorda começa a ficar fraca. Tão fraca que ela mal consegue se manter em pé. Mesmo assim, Ico tenta arrastá-la com ele para a segurança, mas não adianta. Ela é atraída pela força das trevas do castelo. Então, a Rainha aparece novamente, desta vez para colocar um ponto final nos planos de Ico. Ela suga Yorda para dentro da escuridão, e destrói a ponte, derrubando Ico na correnteza logo abaixo do castelo.

Porém, Ico sobrevive. Despertando nos esgotos do castelo, ele tem uma nova chance de salvar Yorda. Ele poderia escapar sozinho, ir embora, mas seu elo com Yorda faz com que ele queira voltar e salvá-la das garras da Rainha. Ele retorna para dentro do castelo e consegue encontrar um compartimento secreto no qual ele encontra uma poderosa espada de luz. Além de poder estraçalhar os monstros das trevas, a espada serve para abrir portas e passagens secretas pelo castelo.

Com a posse da espada da luz, Ico consegue chegar ao palácio da Rainha, onde a própria Rainha se encontra. Ambos então se enfrentam mais uma vez. A Rainha tenta sugar Ico para dentro do mundo das trevas, mas a posse da espada da luz lhe ajuda a evitar os golpes e se manter no mundo da luz. Após diversas estocadas, Ico consegue quebrar a barreira de energia que protege a Rainha, e a perfura fatalmente com a espada da luz. Durante a batalha, Ico acaba sofrendo danos e perdendo seus chifres.

Ao morrer, a Rainha acaba lançando um último poder, e o castelo todo começa a ruir lentamente. O castelo desmorona, enquanto Ico está desacordado. Porém, Yorda consegue encontrar Ico e salvá-lo a tempo, usando seus recém-adquiridos poderes da luz.

Ico desperta mais uma vez na praia, bem longe do castelo desmoronado. Yorda também se encontra no local, desmaiada e novamente um espírito radiante de luz, não mais uma princesa das trevas. Ico e Yorda se reencontram, e, mesmo sem poderem trocar uma única palavra entre si, eles percebem que o elo místico entre eles é mais forte do que tudo, e decidem ficar juntos e inseparáveis para sempre.

Por fim, esta é a história de Ico. Espero que tenham gostado, até a próxima!

Sobre o jogo

Ico é um Platformer com características de Action-Adventure que preza pelo minimalismo de movimentos e de informações. Com movimentação em terceira pessoa, o game se assemelha bastante aos games tradicionais e contemporâneos de seu gênero, como Prince of Persia, mas muito mais centrado na antiga mecânica dos jogos 2D. Por ter sido inicialmente planejado para a plataforma anterior, e por ter evoluído pouco desde a sua ideia original, o game apresenta um aspecto que parece antiquado, mas que aos poucos vai mostrando seu valor.
Ico possui movimentos simples. Ele corre, pula, pega objetos, puxa e empurra outros. É capaz de acionar mecanismos e alavancas. Também sabe nadar e consegue saltar sobre cordas, se segurar em barras horizontais e se pendurar sobre parapeitos. Nada que o jogador habitual de Platformer não conheça e bastante. Apesar de possuir movimentos de luta, percebe-se claramente que o foco do game não é, em nenhum momento, o combate e os momentos de luta contra inimigos, e sim a resolução de enigmas constantes, o que caracteriza o game como um legítimo Platformer, acima de Action-Adventure.
O game se divide em cenários, e praticamente cada cenário possui um enigma para ser solucionado. Alguns parecem ser brilhantemente simples, como ter de empurrar uma caixa para o canto de modo a poder alcançar uma alavanca. Porém, conforme vai avançando, o jogador encontra alguns desafios que já são bem mais inteligentes e incrementados. O design dos cenários esconde muitos segredos, e o jogador tem de ficar atento para compreender o que precisa ser feito para prosseguir. Muitas vezes, a resposta não é óbvia, e instiga o jogador a parar, pensar e ousar coisas novas. Dá para ficar parado no mesmo cenário um bom tempo só refletindo no que precisa ser feito, até encontrarmos alguma coisa nova ou prestarmos atenção a algum detalhe do cenário até então desapercebido.
Um dos maiores diferenciais do game é que Ico não está sozinho na aventura. Ele está sempre acompanhado da jovem Yorda. Ela nos segue no decorrer do jogo, e precisamos dela para resolver diversos enigmas. Algumas passagens só abrem caso ela ajuda a pressionar algum botão ou acionar algum mecanismo. A princípio, ela parece ser alguém que nos ajuda, mas com o passar do tempo percebemos que ela é um fardo. Yorda não é capaz de fazer quase nada sozinha. Ela não escala ou sobe alguma coisa. Precisamos ajudá-la a subir em locais altos e precisamos estender a mão para ajudá-la a saltar algum buraco. Não espere que ela nade ou suba em cordas: ela não sabe nada disso. Nós temos de literalmente segurá-la pela mão (podemos carregar Yorda pela mão segurando R1) no decorrer de quase todo o tempo, para onde formos.
E é aí que entra alguns dos puzzles mais interessantes do game. Muitas vezes, o que tem de ser feito fica bem claro ao jogador: temos de chegar a tal lugar. Porém, o como é que é complicado. Ico, como um exímio trapezista e homem de várias funções, consegue seus meios de chegar a praticamente qualquer lugar. Porém, temos de levar a Yorda junto, e para isso temos de moldar o cenário para ajudar a Yorda. Seja arrastando uma caixa para que ela possa usar como base de apoio, descendo uma ponte para que ela possa passar ou abrir uma porta pelo outro lado para que ela possa entrar. Às vezes, temos de dar uma volta imensa no cenário só para poder abrir um alçapão no teto e puxar a Yorda para um novo lugar. Como Yorda possui os movimentos limitados, o jogador tem de usar sua imaginação para identificar meios de possibilitar a Yorda chegar a alguns lugares para que se possa prosseguir na aventura.
E não é só isso. Para manter Yorda a salvo, não podemos deixá-la, devemos sempre protegê-la e acompanhá-la. Mesmo que ambos não falem a mesma língua e praticamente não haja diálogos entre eles, o jogador se sente no dever de mantê-la a salvo. Yorda é frequentemente perseguida e atacada por seres estranhos, e Ico deve protegê-la a todo custo. Para isso, ele precisa lutar.
Ico é capaz de pegar objetos do cenário para lutar. As armas mais básicas e mais fáceis de se encontrar são as ripas de madeira. Elas são frágeis e fracas, mas é o que terá de usar na maioria do jogo. Elas podem ser encontradas em quase todos os cenários, basta pegar uma e descer a porrada nos seres das sombras. Ico possui apenas uma única sequência de golpes possível (o que demonstra a total falta de comprometimento da equipe de produção com o sistema de combate, renegando-o a segundo plano), e não pode se defender ou mesmo gerar sequências maiores de combo. O game não foi feito pro combate, é como se o combate fosse apenas uma obrigação passageira no decorrer do game. A única variante de golpes que existe é um golpe que é dado no ar e que consegue nocautear os oponentes instantaneamente (o que o torna muito mais eficiente do que os golpes comuns).
A fragilidade de golpes do game chega a atrapalhar em diversos momentos, principalmente ao enfrentar vários oponentes de uma só vez. Como o sistema de combate não favorece os combos e a troca rápida de direção dos golpes, ao enfrentar mais um oponente por vez é quase certo que tomará porrada pelas costas. Ico é muito pouco resistente a golpes, indo ao chão com qualquer golpe que receba. Em contrapartida, ele não "morre" por causa dos golpes, já que o game não possui uma barra de vida propriamente dita. Até porque as sombras não se focam em Ico. Elas se focam em Yorda.
Antes de partirem para cima de Ico, o foco dos seres das sombras é capturar Yorda. Quando os monstros aparecem no cenário, sempre aparecem portais em pontos específicos do local. Eles irão focar em pegar Yorda e arrastá-la para esses portais. E ela é totalmente frágil e indefesa, incapaz de fazer qualquer coisa sozinha para se proteger. Ela apenas se esconde atrás de Ico e espera. Os monstros que atacarem Ico são apenas para distrair ou impedi-lo de chegar até Yorda. Por isso, o fato de cada golpe derrubar Ico no chão ser um grande empecilho: sempre que caímos no chão, perdemos segundos preciosos que precisamos para poder ir e resgatar Yorda. Caso o monstro consiga levar Yorda ao portal, temos poucos segundos para puxá-la de volta, ou será Game Over. Portanto, mais do que proteger Ico, que não precisa de proteção, temos de proteger acima de tudo a Yorda.
São necessários muitos golpes com a vara de madeira para derrotar os oponentes. Tantos golpes que chega a tornar alguns combates iniciais bem enfadonhos. Mas Ico vai descobrindo novas armas no decorrer de sua aventura. Mais para a metade do jogo, ele encontra uma espada, que é capaz não só de derrotar os monstros bem mais facilmente como também de cortar cabos e cordas. Ico é capaz de carregar apenas uma arma por vez, de modo que a espada passa a se tornar a nova companheira de Ico em batalhas. Mas ele terá de voltar a obter varas de madeira, pois elas são necessárias para acender pavios de bombas e acender tochas, o que será necessário em alguns puzzles. Por outro lado, não há outras armas acessíveis, apenas a vara de madeira e a espada, isso é, deixando de lado duas armas especiais e secretas escondidas no game.
Em meio aos trancos e barrancos, o avanço no game é bem lento. Ter de carregar Yorda para todo canto é contagiante a princípio, mas depois de um tempo enche o saco. Não podemos deixar Yorda em algum lugar e ir embora, pois se fizermos isso é certeza de que ela será capturada antes que possamos voltar para salvá-la (os monstros aparecem em quase todos os cenários do jogo). E, como o game não possui um sistema de navegação eficiente, um mapa ou qualquer coisa do tipo, isso complica demais a nossa percepção sobre para onde temos de ir a seguir. Não há uma indicação clara sobre o nosso próprio objetivo, temos de explorar o castelo de ponta a ponta. E uma coisa é fazer isso sozinho, e outra coisa totalmente diferente é fazer isso acompanhado de uma garota irritante e praticamente inútil que só nos atrasa. Tudo bem que, com o tempo, começa-se a criar um laço de empatia com Yorda, mas o jogo poderia ter facilitado a nossa vida e colocado um sistema de navegação para que não passássemos tanto tempo perdido ou tendo de carregar Yorda para locais diversos só para descobrir que não tem nada para fazer ali naquele local.
Para salvar o jogo, basta se sentar com Yorda em um dos vários bancos de pedra espalhados pelo castelo. O castelo não é tão longo assim, mas a caminhada entre uma área e outra pode ser longa caso não tenha acesso a alguns atalhos. Além do mais, o game não possui qualquer tipo de item ou de colecionável que pode ser adquirido. Simplesmente nada. O jogo impele o jogador a ir sempre para a frente, não há nada que ele possa querer fazer a mais no jogo. Isso limita drasticamente o tempo de jogo do game, que sem dúvidas já é curto. Basta cerca de cinco horas para fechar o game, apesar de que, caso saiba exatamente o que tem de ser feito (e conheça alguns atalhos), é possível fechar o game em menos de duas horas.
Após fechar o jogo uma vez, poderá salvar o jogo após os créditos, e, dando Load Game nesse save, poderá iniciar o jogo no modo New Game +. Não nenhuma diferença no jogo em si do modo New Game + para o modo New Game tradicional. A diferença é que você poderá ter acesso a uma arma secreta extra e a um final secreto escondido. Só. De resto, o game será completamente igual. E isso mais uma vez dificuldade a longevidade do game. Após fechar o game uma vez, o jogador pode até tentar fechar mais uma vez para conseguir assistir o final secreto, mas será apenas por isso. Não há nada mais a ser feito, nenhum extra, nada. É possível fazer tudo o que é possível fazer em cerca de oito a dez horas de game, o que, mesmo para um Platformer, caracteriza-se como um tempo relativamente curto.

Minha análise do jogo

Gráficos
Graficamente, Ico é estonteante. Os cenários do jogo foram belissimamente trabalhos, são críveis, vívidos e altamente realistas. Ico nos leva a um mundo que é imaginário, mas ao mesmo tempo completamente imaginável, e no qual funciona por si só. O jogador vive cercado pela natureza e por cenários internos pouco decorados, mas tudo no jogo transborda capricho. Os efeitos de água, fogo e vento foram muito bem feitos. O que chama a atenção no game são os efeitos de luz, que foram feitos usando uma nova tecnologia, o Bloom Lighting, e realmente cria uma atmosfera muito bem feita com relação à ambientação tanto interna quanto externa no game. O design dos cenários foi muito bem concebido. Apesar dos cenários serem simples, com poucos detalhes, as texturas do game foram bem trabalhadas e os efeitos tornam cada parte do cenário uma parte única e realista. O aspecto mais belo e mais bem trabalhado do game é a movimentação dos personagens. A captura de imagens que foi realizada para os movimentos de Ico e dos demais personagens foi muito bem feita. Trata-se de um nível diferenciado de animação, com uma movimentação realista e praticamente sem falhas. Graficamente, Ico é uma referência de apresentação para o gênero Platformer. O empenho da Team Ico com os gráficos foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Som
O áudio possui uma participação simbólica no game. Não há realmente grandes diálogos no jogo. Apesar dos personagens principais falarem idiomas inteligíveis, eles pronunciam apenas o mínimo possível de palavras do começo ao fim da narrativa. Há poucas cenas no jogo, e a Yorda possui seu próprio idioma, então a narração do jogo é desimportante. Mas a contribuição sonora do game vem na forma da excelente seleção da trilha sonora e, claro, dos incríveis efeitos acústicos proporcionados pelo jogo. Uma leve música ajuda a relaxar o jogador enquanto ele pensa na resolução de algum problema, e muitas vezes, nem mesmo a música se pode ouvir. Vem apenas o silêncio, e o som agradável e aconchegante das ondas batendo no mar, do fogo crepitando  nas tochas, do moinho girando ou mesmo do vento batendo nas rochas. Durante as batalhas, os gritos e grunhidos são simples e pouco significativos, mas possuem seu impacto uma vez que cada som ecoa pelo ambiente, devido ao efeito imersivo causado pelos lugares fechados. Além do mais, é nas animações que podemos perceber a perfeita escolha das composições de Michiru Oshima. Elas sempre passam a carga emocional perfeita para cada cena. O empenho por parte da Team Ico com a trilha sonora foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Jogabilidade
Ico é um jogo de mecânica bem simples. São poucos movimentos, e a sua maioria envolve interação com o cenário. O game gira em torno da resolução de diversos puzzles. Começa com puzzles simples, e então vai incrementando a dificuldade, até passar a exigir bastante atenção do jogador. Os puzzles exigem que o jogador identifique pontos do cenário em que ele pode interagir e os use da forma correta. Também é preciso saber como usar a Yorda para nos auxiliar em diversos enigmas. Quanto à movimentação de Ico, não há nada que não tenha em outros jogos do gênero Platformer, como Tomb Raider ou Prince of Persia. O maior diferencial na parte da jogabilidade é ter de conduzir Yorda para que ela coopere com alguns puzzles. No entanto, as partes de ação, além de poucas, chegam a ser tediosas pelos poucos e pouco efetivos movimentos de luta do jogo. O game apresenta um sistema de combate extremamente simples e falho, que não cativa o jogador em nenhum momento e faz ele ter que uma aversão pelas lutas. É como se o game propositalmente tornasse o combate enfadonho. Some isso ao fato de Yorda ser realmente inútil e termos de, além de carregá-la para lá e para cá, salvá-la o tempo todo, e ainda ter de aturar as terríveis falhas que fazem com que ela quase nunca fique onde queremos que ela fique, como em cima de um botão, por exemplo. Ter que levar Yorda para todo o canto é um fardo chato e irritante, e tira boa parte da diversão do game por culpa justamente de falhas na mecânica do jogo. Enfim, não tem como não passar por cima das falhas na jogabilidade, por mais que se tente entender que alguns desses quesitos sejam propositais e façam parte da temática do jogo, não posso deixar passar que ela poderia ter sido muito, mas muito melhor trabalhada. Pelo menos, deixado mais agradável. O empenho da Team Ico com a jogabilidade foi considerável.
● Nota pessoal: 3/5 (Empenho Considerável)

Longevidade
Ico é um game excepcionalmente curto. A primeira jogatina pode ser um pouco mais demorada, devido ao fato do game não indicar em nenhum momento o que deve ou não ser feito, e pelo fato de alguns enigmas não serem realmente muito óbvios (até por falta de informação). A primeira jogatina levará em torno de cinco horas, dependendo da atenção do jogador com o cenário. Esse tempo é pouco para um game dessa geração, mesmo se tratando de um Platformer. Para piorar a situação, como um Platformer focado na resolução de puzzles, os enigmas são envolventes a ponto de lhe manter concentrado na primeira vez, mas, uma vez solucionados, podem ser facilmente resolvidos em uma segunda jogatina. Portanto, ao se jogar uma segunda vez, poderá facilmente concluir o game em menos de três horas. Até mesmo há um modo New Game +, que dá direito a um final extra e uma arma secreta especial, mas a variação para esse modo de jogo extra se restringe a apenas isso mesmo. O jogador até pode querer fechar mais uma vez, para ver esses extras, mas será apenas isso que irá encontrar, e então, após aproximadamente 8 horas de jogo, não haverá mais nada para se ver. O game nem mesmo é viciante o suficiente para fazer o jogador querer jogar mais uma vez. Uma pena, pois eles poderiam ter incrementado bem mais a longevidade do game. O empenho do Team Ico com a longevidade de Ico foi considerável.
● Nota pessoal: 3/5 (Empenho Considerável)

Inovação
Ico é quase como um marco simbólico nos games. Uma espécie de culto a tudo que os games representavam em algumas gerações anteriores. Não se trata de algo realmente novo. Pelo contrário: tudo no jogo parece ser arbitrariamente antiquado, propositalmente ultrapassado. É como se esse game tivesse sido pensado para ser lançado na geração anterior, e então ele foi adaptado para a geração atual, com poucas modificações. Na verdade, isso não deixa de ser um pouco verdade, já que Ico realmente foi pensado para ser lançado na geração anterior. Esse espírito simples e objetivo do game é o que o torna especial, no entanto. Ico apresenta uma proposta bem diferente da de outros jogos lançados em sua época, com uma mecânica simples e que conduz o jogador adiante com o mínimo de informações possível, dando a ele apenas um mundo que implora para ser explorado e mais nada. É original, algo que poucos desenvolvedores ousaram fazer. Seu aspecto minimalista é uma tendência de mercado pouco usual, e apesar de parecer atípico nos dias de hoje (no qual os games possuem cenas enormes, muitos personagens e um script gigantesco), tem seu charme. Além disso, o modo como os puzzles se desenvolvem, de maneira inocente, pelos cenários, e o modo como Ico e Yorda precisam cooperar o tempo todo para poderem avançar (um não pode existir sem o outro), tudo isso contribui para que a experiência de jogo de Ico seja algo único, e que você não encontrará seguramente em nenhum outro game no mercado. Pode-se afirmar que esse é o game do gênero Platformer mais inovador dos últimos tempos, e um exemplo a ser seguido para a evolução do gênero nas próximas gerações. O empenho da Team Ico em fazer um game que fosse diferente dos outros em sua área de atuação foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Diversão
A ideia de Ico é levar o jogador à resolução de puzzles. Simples e direto. A princípio, a ideia é fantástica, pois o castelo é vívido e a atmosfera do jogo é expansiva e imersiva, incitando o jogador a explorar cada canto e se concentrar nos detalhes para resolver os puzzles. A interação com a Yorda é algo novo no game, e serve para dar um novo fôlego para o gênero de certa forma, apesar de que esse recurso começa a ficar um pouco chato depois de algum tempo. A ausência de um modelo de navegação pelo castelo pode fazer com que o jogador se perca algumas vezes ou mesmo fique sem lembrar onde ficava algum ambiente do qual precisa voltar. Isso, em um game que obriga o jogador a ir e voltar pelos mesmos cenários diversas vezes, para a resolução de alguns puzzles, é inaceitável. Ainda mais tendo que levar a Yorda para todo canto, sendo que ela sempre é atacada e nós temos de protegê-la. Para piorar ainda mais, o sistema de combate do jogo é pífio (o jogo seria melhor se só tivesse os puzzles, na verdade) e só faz o jogador passar raiva em diversos momentos, ainda mais quando estamos perdidos e tentando achar uma sala em específico. Enfim, Ico apresenta uma experiência gratificante e interessante, mas que são atrapalhados por diversos fatores que deixam o game mais chato e monótomo do que deveria. Tinha tudo para ser um Platformer perfeito, mas faltou atenção e capricho em alguns elementos do game, e a experiência final pode se mostrar um pouco frustrante para os gamers. O game não deixa de ser cativante e inteligente, uma experiência original e diferenciada, mas poderia ter sido melhorada. O empenho da Team Ico com a diversão foi considerável.
● Nota pessoal: 3/5 (Empenho Considerável)

Soma Final: 24/30 (Muito Bom)

Em resumo: A experiência proporcionada por Ico pode ser melhor admirada dependendo que estilo que você for de gamer. O game apresenta um mundo vasto, vívido, repleto de detalhes e que implora para ser explorado. Vale a pena ver cada cenário, e os puzzles são envolventes e vão ficando cada vez mais complexos conforme se avança. Um tipo de jogo memorável, que recompensa o jogador por cada desafio completado. Uma pena que alguns fatores técnicos e uma mecânica de jogo pouco trabalhada atrapalhem consideravelmente essa experiência. Ainda é possível se deliciar com o game mesmo com esses fatores negativos, mas eles tiram boa parte do brilho devido. Ainda assim, recomendo enormemente esse jogo, para que experimentem e tenham uma visão sobre o game Platformer que criou uma cultura cult para o gênero e vem sendo considerado referência do gênero nessa geração. Vale a pena conhecer esse mundo incrível.


Análises profissionais

A média pela Metacritic para Ico é 90/100.

Detonado em vídeo

Parte 1


Parte 2


E aí, o que achou desta análise? Curtiu? Deixe-me seu comentário, ou entre em contato comigo pelo e-mail: adm_melhorfinal@hotmail.com ou pelo twitter: @AdmMelhorFinal.
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